Geografia
O Faial faz parte do grupo central do arquipélago dos Açores, formado por cinco ilhas – Terceira, Graciosa, São Jorge, Pico e Faial, mas também das “ilhas do triângulo”. É a terceira ilha mais populosa depois de São Miguel e da Terceira, com cerca de 15.000 habitantes.
O Faial é uma ilha com forma pentagonal com 21km de comprimento e 13km de largura, com uma superfície total de 173 km2. Está localizada a cerca de 120km do cume da Crista Média Atlântica.
A ilha mais próxima é o Pico, a apenas 6km de distância, e o ponto mais alto da ilha é o Cabeço Gordo, na zona da Caldeira a cerca de 1.043m de altitude.
História
A descoberta da ilha do Faial aconteceu depois do mapeamento da Terceira, e as primeiras pessoas, 15 flamengos, chegaram oficialmente por volta de 1465 à Praia do Almoxarife. O nome vem da abundância de Myrica Faya (Faia-da-terra), planta nativa da Macaronésia.
O Faial sofreu vários ataques de corsários franceses e ingleses no século XVI, impedindo a ilha de crescer economicamente.
No século XIX, durante a Guerra Civil Portuguesa, a ilha esteve sob o domínio dos liberais, e D Pedro IV – Rei de Portugal à época, visitou a ilha.
A Horta tornou-se cidade oficial (a terceira cidade a ser reconhecida no arquipélago) em 1833. A sua posição geográfica foi importante na década de 1860 para o comércio de laranjas e vinhos, mas também para os barcos baleeiros americanos. Desde a inauguração da marina da Horta em 1986, o Faial tem um dos portos mais famosos do mundo.
Depois, o Faial também se tornou um centro de telecomunicações graças aos cabos submarinos, ligando a América à Europa.
No século passado, durante a Primeira Guerra Mundial, a cidade da Horta foi bombardeada pelo Império Alemão em 1916.
Mais tarde, no início do século XX, o Faial deu o seu contributo para os primeiros passos da aviação. De facto, os primeiros hidroaviões farão escala ali durante a sua travessia no Atlântico Norte. A primeira foi em 1919. Nas décadas de 1930 e 1940, as maiores companhias aéreas da Europa e América escolheram a ilha do Faial.
Economia
A fertilidade do solo faialense foi o que levou os primeiros colonos a quererem povoar a ilha. Verificou-se um rápido crescimento económico devido à cultura do trigo e da ervilhaca, as principais fontes de riqueza do Faial durante dois séculos.
No século XVII, a Horta torna-se um centro de navegação entre os dois continentes graças às ótimas condições da baía e também à cada vez mais famosa exportação de vinho da ilha do Pico para a Europa e colónias britânicas.
A riqueza do próximo século assenta na produção e exportação de laranjas, em todo o arquipélago incluindo o Faial. Isso até meados do século XIX, quando uma praga assolou a produção da laranja, tornando-a invendável. O porto da Horta é também importante para as escalas de barcos a vapor e baleeiros dos Estados Unidos.
A indústria da caça à baleia na ilha do Faial passou pelas duas fases da baleação. A primeira de produção manufatureira (com poucos recursos e técnicas de baleação) de 1860 e 1942, e a segunda fase de produção fabril que durou até 1981. A baía da Horta tornou-se um local de paragem obrigatória para os americanos se abastecerem e fazer manutenção às embarcações antes de continuarem a viagem baleeira!
Graças à sua localização central, o Faial tornou-se um centro de telecomunicações entre a Europa e a América do Norte. Em 1983, cabos telegráficos submarinos foram amarrados na Horta para transmissão, por várias empresas internacionais.
Hoje em dia, tal como nas outras ilhas, o turismo e o setor dos serviços são importantes no Faial, para além da agricultura, visto que ocupa cerca de 28% da área total da ilha. A pecuária e a pesca do atum também são importantes, tal como os laticínios.
Cultura e festividades
À semelhança das outras ilhas, existe uma festa religiosa muito importante no Faial: Festas do Espírito Santo, a partir da Páscoa até ao Domingo de Pentecostes. No entanto, a maior festa religiosa desta ilha é a Nossa Senhora das Angústias, com procissões, muitos locais e turistas saem às ruas, a dançar, a cantar e a saborear a deliciosa comida em barraquinhas. Isto decorre no sexto domingo depois da Páscoa.
São João também é muito festivo na ilha do Faial. A 24 de junho, a festa acontece em toda a ilha entre música ao vivo, danças folclóricas, desfiles e boas risadas entre moradores e turistas. Esta é a ocasião perfeita para saborear algumas iguarias locais e uma grande festa para as famílias.
Em 1718, uma grande erupção na ilha do Pico assustou os vizinhos faialenses, e desde então, todos os anos a 1 de fevereiro, a Câmara Municipal festeja a Nossa Senhora da Graça com procissão e orações, na Praia do Almoxarife.
No verão, há muitas coisas para fazer! No dia 1 de agosto por exemplo, a Festa da Senhora da Guia acolhe uma procissão de barcos na praia do Porto Pim. Depois, vem a Semana do Mar, uma ótima semana de festa com muita animação nas ruas e nas praias.
Parte da arte popular da ilha é o Scrimshaw (arte de gravação ou pintura em marfim de cachalotes). Na verdade, a caça às baleias foi muito importante para todas as ilhas, e todas as partes do corpo de cachalote eram usadas. Pode ver uma grande coleção desta impressionante arte, juntamente com algumas evidências dos tempos da caça às baleias, no Museu do Scrimshaw. A Fábrica da Baleia, em Porto Pim também tem um cativante museu sobre a caça à baleia.
O local a não perder na ilha para saber mais sobre o Faial, é o Centro de Interpretação do Vulcão dos Capelinhos. É um museu muito interessante onde vai aprender mais sobre geologia.
Outro museu fascinante é o Museu da Horta, onde a história do Faial é contada através de documentos antigos, fotografias e arte.
Natureza e Geologia
Em termos geológicos, a ilha do Faial tem muito para oferecer! A parte mais antiga da ilha é a região Nordeste, formada há cerca de 800.000 anos.
A atual Caldeira foi formada há cerca de 16.000 anos durante uma grande erupção que cobre 40% do território da ilha com os seus fluxos piroclásticos. A maior parte da vegetação foi destruída. E ainda hoje a Caldeira está ativa, como ocorreu a erupção de há cerca de 1.000 anos. Estar à beira da Caldeira é realmente uma sensação incrível, onde pode sentir o poder da natureza. Hoje em dia, a caldeira com 7km de diâmetro está repleta de vegetação, criando um paraíso verde. Ao fundo, a 450m de profundidade, existe ainda um lago e um cone mais pequeno coberto por floresta Laurissilva.
No Faial, duas grandes erupções recentes marcaram a paisagem da ilha. São elas a erupção do Cabeço do Fogo, em 1672-1673 e a erupção na Ponta dos Capelinhos, em 1957-1958. Hoje, o freixo, a areia e a torre de um antigo farol erguem-se neste local. Assim que chegar aos Capelinhos, parece que pousou na lua. É um local de relevância para a comunidade científica internacional.
O Faial é a ilha com mais praias de areia vulcânica em comparação com as suas vizinhas. Desfrute do belo Porto Pim num dia de sol, onde pode nadar, mergulhar ou simplesmente deitar-se e ouvir o som das ondas, não muito longe da cidade principal.
Experiências
No litoral, nas diversas praias e piscinas naturais, são diversas as opções de atividades aquáticas. Surf, caiaque, vela ou pesca, opções suficientes para agradar a todos. Ou simplesmente leve uma máscara e mergulhe com tubo de respiração e explore as maravilhas submarinas da costa. Há uma rica fauna marinha. Também pode atravessar o canal com ferries que vão para a ilha do Pico, que fica apenas a cerca de 15 minutos de viagem de barco.
Os destaques da ilha são certamente a visita à Caldeira – uma cratera vulcânica gigante, a visita ao Vulcão dos Capelinhos e ao seu premiado museu, assim como a marina e a cidade da Horta, um lugar cheio de história.
No Vulcão dos Capelinhos é apenas a Terra a libertar energia. Em todo o caso, os efeitos das erupções mais fortes ainda são bem visíveis. Uma das mais emblemáticas ocorreu em 1957 na ilha do Faial, no designado vulcão dos Capelinhos, e terminou a 24 outubro de 1958. Hoje em dia, permanecem no local cinzas e areias, e também a torre de um antigo farol. Em agosto de 2008 foi inaugurado o Centro de Interpretação do Vulcão dos Capelinhos que conta a história de como tudo aconteceu. É um dos maiores centros interpretativos vulcanológicos da Europa.
Se gosta de caminhar, escolha vários trilhos para um contacto próximo da natureza. Passe por vulcões, florestas, áreas costeiras e muitas outras paisagens diversas. A pé, de bicicleta ou de moto 4, há tantos caminhos para explorar.
Uma coisa a fazer no Faial é definitivamente dar um passeio pela marina da Horta. Este é o quarto porto mais visitado do mundo. A famosa marina é decorada por yatistas e aventureiros de todo o mundo. De facto, o porto da Horta, inaugurado em 1986, é um dos mais movimentados do mundo devido à sua posição estratégica entre os continentes europeu e americano. Representa um importante ponto de passagem para velejadores de todo o mundo. A sua posição geográfica oferece um abrigo perfeito dos ventos, vindos de todas as direções. Reza a tradição que os marinheiros deixem uma marca da sua passagem, com uma pintura alusiva à sua embarcação e viagem, nas paredes da marina. Acredita-se que isto lhes trará sorte e que faça com que o barco chegue com segurança ao destino. Isto proporciona uma galeria de arte verdadeiramente deslumbrante ao ar livre, com o mundo inteiro representado na doca do porto através de pinturas coloridas e criativas!
Entre as bases materiais da caça à baleia que ainda hoje existem, destacamos a antiga fábrica da Baleia de Porto Pim, que é desde 2018, um centro de ciência e núcleo museológico da fábrica. Aqui encontramos uma exposição que nos transporta para o tempo da caça às baleias. Tem muita maquinaria original utilizada no processo de transformação e aproveitamento dos animais. Este local de visita obrigatória é um dos melhores exemplos para compreender o fim da indústria baleeira nos Açores.
Gastronomia
Tal como em muitas ilhas, o peixe fresco e o marisco estão sempre na ementa do Faial! Uma das especialidades mais típicas da ilha é o guisado de polvo, junto com a sopa de peixe. A caldeirada também deve provar com o pão de milho local.
Para os apreciadores de carne, a morcela e os enchidos com legumes da época são uma delícia.
Hora da sobremesa! As famosas Fofas do Faial são irresistíveis com o recheio de creme de ovo macio e a massa doce à volta. Não perca!
Quando visitar a ilha do Faial, não se esqueça de provar um Gin Tónico no famoso Peter Café Sport que abriu em plena altura da primeira Guerra Mundial há mais de 100 anos! É uma paragem obrigatória para velejadores, visitantes e locais.