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Cachalotes Fernando Resendes

As Baleias E Golfinhos Põem Ovos? | Factos Científicos

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Quando se trata de baleias e golfinhos, geralmente há um pouco de confusão. São peixes? São mamíferos? Importa saber em que grupo se inserem? Importa, pois! Por muito que pareçam semelhantes, os peixes e os mamíferos marinhos têm muitas características diferentes. A forma como cuidam dos bebés e a forma como os amamentam são algumas das principais diferenças entre estes dois grandes grupos de animais marinhos. Mas será que as baleias e golfinhos põem ovos como peixes? Continue a ler para descobrir!

Baleias e golfinhos realmente põem ovos?

São mamíferos marinhos.

Baleias, golfinhos e botos são o que nós, cientistas marinhos, chamamos de cetáceos. Basicamente, os cetáceos são mamíferos marinhos que estão totalmente adaptados à vida no oceano. Assim, como os mamíferos, os cetáceos estão mais perto de nós do que os peixes. Porquê? Vai perceber daqui a pouco.

David Rodrigues | Golfinhos nariz-de-garrafa, supostamente uma mãe e seu filho. fazer baleias e golfinhos colocar ovos
David Rodrigues | Golfinhos roazes, supostamente a mãe e o filhote

Como já foi dito, os peixes e os mamíferos marinhos têm formas diferentes de cuidar dos bebés ou de comportamentos em relação à amamentação. Mas ainda assim, baleias e golfinhos podem pôr ovos? De facto, os mamíferos marinhos têm os bebés da mesma forma que nós, num saco amniótico dentro do útero da mãe. Na verdade, as baleias e os golfinhos têm fecundação interna, têm os bebés na barriga e dão à luz filhotes. Além disso, os mamíferos marinhos cuidam dos seus bebés assim que nascem e amamentam-nos com leite materno, cujos compostos são um pouco diferentes dos humanos.

SABIA QUE?  
Os cetáceos são uníparos, o que significa que dão à luz apenas um recém-nascido, embora possam ter também gémeos e até trigémeos.

Por outro lado, a maioria das espécies de peixes têm os bebés em ovos que os põem em pontos específicos. Assim que os ovos são eclodidos, as larvas emergem e vivem sozinhas.

Álvaro Palácios | Um adulto e uma orcas juvenis. fazer baleias e golfinhos colocar ovos
Álvaro Palácios | Orcas: um adulto e um juvenil.

Diferenças entre peixes e mamíferos marinhos

No entanto, existem não só diferenças entre os peixes e os mamíferos marinhos no que diz respeito às suas características de reprodução, mas também quanto à fisiologia de respiração e mergulho.

Os cetáceos têm pulmões, o que significa que não conseguem respirar debaixo de água, precisam de vir à superfície respirar, recuperar o oxigénio do ar. Portanto, sim, são grandes mergulhadores! Agora, o tempo que duram debaixo de água depende da espécie e do tamanho dos indivíduos, oscilando entre 5 e 60 minutos. Ao contrário dos cetáceos, os peixes têm dobras na pele, as conhecidas guelras que usam para capturar o oxigénio da água, razão pela qual não têm de ir à superfície para respirar.

Laura Forte | Uma mãe Cachalote e o seu bebé na ilha de São Miguel

Processo de gestação

Como dito anteriormente, os cetáceos emprenham de um bebé e, uma vez nascido, eles são amamentados com o leite materno. A duração da gravidez, bem como as vezes que emprenham ao longo da vida, dependem da espécie. Na tabela abaixo, apresentamos várias espécies de baleias e golfinhos ordenados por ordem decrescente – as espécies maiores para as menores, onde são mostrados os tempos de gestação, amamentação e desmame.

EspéciesNome Comum GestaçãoIntervalo entre
gravidez
Desmame
Balaenoptera
musculus
Baleia azul 10 – 12 meses2 anos 6 – 8 meses
Megaptera
novaenglidae
Baleia de bossa11 – 11.5
Meses
2 anos 10 – 12 meses
Physeter
macrocefalia
Cachalote 14 – 16 meses 5 – 6 anos 2 anos
Balaenoptera
acutorostrata
Baleia-de-minke 10 – 12 meses1 ano 4 – 6 meses
Orcinus orcaOrca 15 – 18 meses3 – 8 anos1 – 2 anos
Globicephala macrorhynchusBaleia-piloto
Barbatanas curtas
14 – 15 meses 3 – 5 anos2 – 3 anos
Tursiops truncatus Golfinho roaz12 – 12.5
Meses
3 – 6 anos1,5 – 2 anos
Delphinus dolphis Golfinho comum10 – 11.5
Meses
1 – 4 anos 10 – 19 meses
Tabela 1. O tempo que as baleias e os golfinhos emprenham, tomam contam das suas crias e amamentam.
Anxo Cao | Um cachalote bebé com marcas de nascimento e o cordão umbilical em São Miguel

Em média, a gravidez dos cetáceos dura cerca de um ano, e quando nascem, as crias ficam com as mães entre um ano – como é o caso dos golfinhos comuns – e 8 anos, sendo este é o tempo máximo que os bebés de Orca, por exemplo, ficam com os progenitores. Como são mamíferos marinhos, as crias alimentam-se do leite materno durante um período que depende sempre da espécie.

David Rodrigues | Um golfinho comum bebê pulando ao lado de sua mãe fazer baleias e golfinhos colocar ovos
David Rodrigues | Um golfinho comum bebé a saltar, provavelmente ao lado da mãe

Nascimento e primeiras horas do recém-nascido

O feto é desenvolvido dentro do útero da mãe, durante cerca de um ano, dobrado para o lado direito ou para o lado esquerdo com a cauda próxima do crânio. Na verdade, assim que nascem, podem ver-se as chamadas dobras fetais – algumas marcas que são visíveis nos recém-nascidos semanas ou meses após o nascimento. Podemos ver isso muitas vezes nas nossas viagens de observação de baleias e golfinhos.

Anxo Cao | Um golfinho bebé Risso
Anxo Cao | Um golfinho de Risso bebé

Em trabalho de parto, tem-se visto que às vezes a mãe pode sofrer dores fortes e o nascimento pode durar algumas horas. A primeira parte do corpo do recém-nascido a ser projetada é a barbatana caudal. Como são mamíferos, os cetáceos têm uma gravidez relativamente semelhante à dos humanos.

O feto é alimentado através do cordão umbilical com nutrientes vindos da mãe.

As mães das baleias de barbas, como as baleias azuis, não comem a placenta nem mordem o cordão umbilical após o nascimento do filhote, ao contrário do que ocorre noutras espécies de mamíferos. Em vez disso, o filhote pode ser conectado à mãe através do cordão umbilical durante alguns dias após o nascimento, o que também pode acontecer em alguns golfinhos. No entanto, também foi observado em golfinhos que a separação é feita logo após o nascimento, uma vez que a mãe continua a nadar a alguns metros de distância. E sim, uma vez que o cordão umbilical cai, eles ficam com umbigo também.

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Quando os bebés estão no oceano azul, precisam de aprender a respirar. E, pelo menos o primeiro sopro do recém-nascido, é induzido pela mãe e outros membros do grupo, enquanto o empurram para a superfície.

David Rodrigues | Você pode regonizar um golfinho jovem manchado de um adulto graças aos lugares inexistentes para jovens
David Rodrigues | É possível reconhecer um golfinho pintado jovem de um adulto graças às pintas inexistentes nos mais jovens

De que é que os bebés se alimentam e como

Como mamíferos, os bebés de cetáceos alimentam-se do leite materno durante algum tempo, e tal como já o dissemos, o período de tempo depende da espécie – verifique na tabela 1, a coluna do desmame para uma informação mais específica sobre espécies.

O leite de cetáceo é muito diferente do leite de vaca ou do humano. Pensemos um pouco sobre isso: se fosse tão líquido como o leite humano, diluía-se facilmente na água. O leite de cetáceo tem uma quantidade maior de gorduras do que o leite humano. Assim, o leite fica mais espesso, com uma consistência semelhante ao iogurte, evitando a sua rápida dissolução na água.

Além disso, os cetáceos têm os seus próprios mecanismos para evitar a dispersão do próprio leite. Por exemplo, as glândulas mamárias estão ‘escondidas’ em dobras na parte ventral do animal, de modo que para a maioria das espécies – com exceção das espécies de baleias de barbas – os bebés têm que inserir a mandíbula inferior nessas dobras para beber o leite.

SABIA QUE?
Os cetáceos nascem na direção oposta à dos humanos, primeiro emerge a cauda e por último, sai a cabeça.  
Mariana Silva | Este vídeo foi filmado em 2015! Uma família de cachalotes aproximou-se do nosso barco para nos mostrar o novo membro!

Ao contrário dos bebés humanos, que crescem lentamente durante o período de lactação, os bebés dos cetáceos crescem rapidamente em tamanho desde o nascimento até ao desmame, pois têm de ser suficientemente fortes para enfrentar todos os “perigos” selvagens. É por isso que a mãe deve ter uma quantidade de leite extraordinária e o leite é muito rico em nutrientes.

Conclusão, as baleias e os golfinhos não põem ovos porque são mamíferos marinhos.

Portanto, dão à luz como nós humanos. No entanto, a gestação depende da espécie. Mas o conceito continua o mesmo. Por outras palavras, humanos e cetáceos têm mais coisas em comum do que se possa imaginar.

Axo Cao | Golfinhos-nariz-de-garrafa nos Açores
Anxo Cao | Golfinhos roazes nos Açores

Referências

Berta, A., Sumich, J. L., & Kovacs, K. M. (2006). Marine mammals: evolutionary biology (Elsevier (ed.); 2nd ed.).

Oftedal, O. T. (1997). Lactation in whales and dolphins: Evidence of divergence between baleen- and toothed-species. Journal of Mammary Gland Biology and Neoplasia2(3), 205–230. https://doi.org/10.1023/A:1026328203526

Slijper, E. J. (2021). On Some Phenomena Concerning Pregnancy and Parturition of the Cetacea. Bijdragen Tot de Dierkunde28(1), 416–448. https://doi.org/10.1163/26660644-02801049

West, K. L., Oftedal, O. T., Carpenter, J. R., Krames, B. J., Campbell, M., & Sweeney, J. C. (2007). Effect of lactation stage and concurrent pregnancy on milk composition in the bottlenose dolphin. Journal of Zoology273(2), 148–160. https://doi.org/10.1111/J.1469-7998.2007.00309.X

Laura Forte