Cada lugar transmite as suas histórias a quem deixa-se tocar pela curiosidade. Os Açores, com todo o seu encanto, são fonte de inspiração para diversos mitos, contos e lendas locais. Uma das mais conhecidas – A Lenda das Sete Cidades – é inspirada na paisagem sublime das suas lagoas.
Although many versions of the Sete Cidades legend exist, the tale is always about a beautiful princess and her beloved shepherd.
Era uma vez…
Há muito e muito tempo, numa era longínqua, existia o reino das Sete Cidades, rodeado por um belo cenário montanhoso e verdejante. Ainda assim, em nada se comparava à beleza ímpar da princesa que aqui vivia.
Além de bela era dotada de uma curiosidade única que a transportava além das portas do seu palácio. Pelos prados e trilhos de quietude espontânea, por entre flores dançarinas e árvores em sintonia com cada estação.
Um amor impossível à primeira vista
Num belo dia, em um dos seus passeios campestres, a princesa encontrou um jovem pastor tocando flauta no topo duma colina. Aqueles acordes de notas vibrantes repercutiram em seus ouvidos como um chamamento para uma nova aventura. O pobre pastor surpreso com aquele inesperado encontro, deixou-se ficar em contemplação.
Tudo em redor deles nasceu espontaneamente, como o fogo de um enorme vulcão, agora transmitindo aos sentimentos deste casal a força que só a natureza pode impor!
Vitor Dias Rego
Foram correndo as horas e os dias, a princesa e o pastor encontravam-se sempre no mesmo lugar. Seus corações já tocavam a mesma melodia e trocavam juras de amor, um amor, um tanto, impossível para ambos.
Juntos continuaram a sonhar em segredo, mas o destino já estava traçado. De súbito chegou, por entre o vento e o nevoeiro inquietante, a notícia: a princesa ficara prometida a um príncipe, de outro reino.
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A triste separação
Embora contra a sua vontade, manda a vontade do rei. E a princesa condescendente aceitou a sua sina.
Por uma última vez, encontrou-se com o seu amado, no mesmo campo verdejante de outrora. Na quietude do mesmo, deixam transparecer o desgosto. A dada altura, o sonho acabou e os corações resignados, agora cantavam em silêncio, uma melodia angustiante que em lágrimas transbordou.
As lágrimas da princesa eram tantas e incontroláveis que se juntaram num lago imenso de águas azuis como seus olhos. Por sua vez, o pastor chorava com todo o seu sentimento, lágrimas estas que deram lugar a uma outra lagoa de águas verdes e mais pequena.
Profundos olhos verdes, tão verdes como a luxuriante vegetação que ali o retratou para todo o sempre!
Vitor Dias Rego
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A origem das Lagoas Azul e Verde das Sete Cidades
Desta lenda de encantar nasceu a nossa Lagoa Azul e Verde. Misteriosa como a neblina melancólica que a abraça e cintilante quando o sol a acaricia. Carrega consigo o verde intenso da vegetação exuberante e o azul vivo do céu.
Aqui a natureza desponta em todo o seu esplendor, autêntica e vibrante como o amor da Princesa e do seu Pastor.
Nestas águas que se encostam, mas nunca se unem… Jaz um amor que perdura e encanta quem a lagoa avista.
Por isso, venha e deixe-se ficar pela fantasia ou emoção, não deixe de percorrer os trilhos de outrora, agora enfeitados de hortênsias coloridas.
Quem sabe, caminhos estes por onde os jovens amantes deambularam. Talvez, ainda hoje, no silêncio da noite, à luz do luar, estes jovens enamorados encontram-se no infinito de suas águas… Escondidos do olhar do mundo.
O que é certo é que quem por aqui passa, cria o seu próprio conto do “Era Uma Vez”, nas memórias que levam deste mais belo recanto das Sete Cidades.
Referências
- Arruda, Jorge – Verde e Azul Sete cidades: Lendas, Contos e Factos
- Rego, Vítor Dias – Lagoas das Sete Cidades Espelho de lágrimas sofridas
